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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ataulfo Alves – Meu samba… Minha vida (CBD/Phillips – 1962)

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Link reativado em 29/03/2015

     Dessa vez, o blog Cultura Cabesound abre espaço para aquele que é, sem dúvida alguma, o "mestre" do samba: Ataulfo Alves.
     Nascido em 2 de maio de 1909 em Miraí, MG, Ataulfo Alves de Sousa aos 8 anos de idade já fazia versos. Aos 10 anos começou a trabalhar para ajudar no sustento da família, por causa da morte de seu pai. Fez de tudo um pouco: foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador, mesmo assim não abandonou os estudos. Aos 18 anos, se mudou para o RJ, aceitando o convite do Dr. Afrânio Moreira Resende, médico de Miraí, que fixaria residência na cidade. Durante o dia, Ataulfo trabalhava no consultório como uma espécie de Office-Boy e, a noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Vendo que aquilo não era o tipo de vida em que gostaria de levar, procurou novos rumos e conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Não demorou muito para que seu esforço e dedicação ao trabalho fossem recompensados: Tornou-se prático de farmácia. Já tendo aprendido a tocar violão, cavaquinho e bandolim passou a frequentar as rodas de samba organizadas no bairro onde morava: Rio Comprido. Formou seu primeiro conjunto musical, para animar as festas do bairro.
     Em 1928, com apenas 19 anos e já casado, Ataulfo começou a compor os seus primeiros sambas e tornou-se diretor de harmonia do bloco carnavalesco Fale Quem Quiser. Em 1933, Bide, que já tinha alguns sucessos gravados, ouviu algumas composições de Ataulfo no Rio Comprido, e o apresentou a Mr. Evans, diretor americano da gravadora Victor. "Sexta-feira", gravada por Almirante, é a primeira composição de Ataulfo a ser lançada em disco. Dias depois, a "Pequena Notável" Carmen Miranda, conhecida de Ataulfo da época em que ela ainda nem pensava em cantar profissionalmente, gravou e lançou "Tempo perdido". Em 1935, Floriano Belham grava "Saudade do meu barracão", que se torna o primeiro sucesso popular de Ataulfo. O samba "Saudade dela", gravado em 1936 por Silvio Caldas deu ainda mais prestígio, mas foi a valsa "À você", parceria com Aldo Cabral, e o samba "Quanta tristeza", parceria com André Filho, ambos gravados por Carlos Galhardo em 1937, que fizeram o então compositor Ataulfo Alves se tornar definitivamente respeitado no meio artístico. A partir daí, vieram outras parcerias com Bide, Claudionor Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista, este último, parceiro nos Carnavais vitoriosos de 1940 e 1941 com "Oh!, seu Oscar" e "O Bonde de São Januário".
     Em 1938, Orlando Silva grava e lança o grande sucesso "Errei, erramos". Em 1941, Ataulfo se lança como intérprete, gravando seus sambas "Leva  meu samba" e "Alegria na casa de pobre", uma parceria com Abel Neto. Em 1942, quando passava por um momento financeiro turbulento, Ataulfo compôs "Ai, que saudades da Amélia", em parceria com Mário Lago, que muitos cantores famosos na época hesitaram em gravar. Sendo assim, o próprio Ataulfo gravou e lançou para o Carnaval do ano. Com acompanhamento do grupo Academia do Samba e a participação de Jacob do Bandolim na introdução, "Ai, que saudades da Amélia" se tornou um sucesso popular sem precedentes. Ataulfo e Mário Lago ainda lançaram "Atire a primeira pedra" para o Carnaval de 1944, outro grande sucesso, e em 1945 lançaram "Capacho" e "Pra que mais felicidade".
     Ataulfo então se sente definitivamente seguro para compor e ele mesmo interpretar seus sambas. Forma o grupo Ataulfo Alves e suas Pastoras, inicialmente composto por Olga, Marilu e Alda, e passam a se apresentar em rádios e shows pelo Brasil, com muito sucesso.
     "Fim de comédia" e "Errei, sim", gravadas por Dalva de Oliveira no início dos anos 50, marcam uma experiência bem-sucedida de Ataulfo ao compor canções de um gênero chamado de dor de cotovelo, que faziam muito sucesso nessa época. Em 1954, Ataulfo e as Pastoras participaram do show O Samba nasce no coração, realizado na boate Casablanca, ocasião em que apresentaram pela primeira vez o samba "Pois é...". O pintor Pancetti gostou muito desse samba e, inspirado nele, fez um quadro com o mesmo nome, fazendo questão de oferecer como um presente ao compositor. Ataulfo então Compôs em parceria com J. Batista "Lagoa serena", dedicando-a à Pancetti, que, novamente, o homenageou com a tela Lagoa serena. Lança em 1959 o LP "Ataulfo Alves e as Pastoras".
     Convidado por Humberto Teixeira, em 1961 participou junto com As Pastoras de uma caravana de divulgação da musica popular brasileira na Europa. Lá, Ataulfo apresentou "Mulata assanhada", composição própria e "Na cadência do samba", parceria com Paulo Gesta, que acabara de lançar, ambas composições se tornaram grandes sucessos. Retornou ao Brasil no mesmo ano e fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições), tonando-se editor de suas musicas. Nessa mesma época, desligou-se de suas pastoras, formadas na ocasião por Nadir, Antonina, Geralda e Geraldina, passando a se apresentar sozinho, esporadicamente, pois vê sua saúde fraquejar aos poucos, devido ao surgimento de uma úlcera no duodeno.
     Lança em 1962 o LP "Meu samba... Minha Vida", em que regrava alguns de seus sucessos e apresenta novas composições. Depois de realizar em 1964 uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, decidiu logo no ano seguinte passar o seu titulo de General do Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior, talvez prevendo que a doença o fizesse interromper a carreira a qualquer momento. Em 1966, lança o LP "Eternamente Samba", nele, um emocionado Ataulfo Alves deixa para a posteridade a gravação onde "passa o bastão" para Ataulfo Jr, no pout-pourrí "Lenço branco"/"Destino da madeira". É desse mesmo LP o sucesso "Laranja madura".
     Em 1968, uma parceria inusitada com o jovem-guardista Carlos Imperial resulta em sua última composição de sucesso: "Você passa eu acho graça", gravada e lançada por Clara Nunes. Em decorrência do agravamento da úlcera, morreu após uma intervenção cirúrgica, no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1969, pouco antes de completar 60 anos de idade. Ataulfo amou acima de tudo as suas origens caboclas. Também por essa herança, foi o maior sambista negro da história da Música Popular Brasileira.
     O disco que apresento aquí primeiramente é "MEU SAMBA... MINHA VIDA", lançado em 1962. Esse disco é uma bela amostra de toda a arte do "mestre" Ataulfo Alves. Confira!!!
Direção Artística: Armando Pittigliani
Capa "layout": Paulo Breves
Foto: Mafra
Músicas
Lado 1
01- Na cadência do samba (Ataulfo Alves - Paulo Gesta)
02- Dá licença
03- Três em Um nº1:
* Vai, mas vai mesmo
* Se a saudade me apertar (Ataulfo Alves - J. de Castro)
* Se você não vai eu vou
04- O que que há?
05- Corda e caçamba
Lado 2
01- Três em Um nº2:
* Ai! Que saudades da Amélia (Ataulfo Alves - Mário Lago)
* Leva meu samba
* Atire a primeira pedra (Ataulfo Alves - Mário Lago)
02- Não tenho pressa
03- E o "Duque" não morreu
04- Reta final
05- Minha infância
Todas as músicas são de autoria de Ataulfo Alves, exceto as parcerias indicadas.

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