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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Amelinha – Frevo mulher (CBS – 1979)

Frevo Mulher
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Link reativado em 02/04/2015

      A algum tempo atrás prometí aquí mesmo no Blog colocar uma postagem sobre o “Pessoal do Ceará”, mas o tempo foi passando, outras postagens sendo colocadas e nada também de conseguir um espaço de tempo para pesquisar sobre o assunto. Mas, ao mesmo tempo me surgiu essa vontade de abrir espaço no Blog para uma das artistas que faziam parte dessa manifestação artística e cultural descrita acima e também é uma das minhas intérpretes favoritas e que hoje em dia está injustamente afastada da grande mídia: AMELINHA.
     Amélia Claudia Garcia Colares nasceu em Fortaleza, em 21 de julho de 1950. Curiosamente, não demonstrou talentos artísticos na infância e nem na adolescência, mas foi durante o período em que foi aluna da Universidade Federal do Ceara que Amelinha iniciou seu interesse pela música: em reuniões no Diretório Acadêmico do Curso de Arquitetura com outros alunos, artistas e intelectuais, reuniões essas que varavam as noites com debates sobre o futuro intelectual do país e discussões sobre as emergentes questões nacionais; mas, nem só de discussões e debates viviam essas reuniões, pois a poesia e a música corriam nas veias de vários desses jovens, que alguns anos depois se tornariam referências no meio artístico do país; nomes como Ednardo, Fausto Nilo, Belchior, Raimundo Fagner, entre muitos outros faziam parte dessas reuniões (O Pessoal do Ceará). Amelinha estava nesse meio e bebeu dessa fonte.
     Em 1970 Amelinha deixou o Ceará para estudar Comunicação em São Paulo, mas também para “desenvolver suas potencialidades vivendo sozinha”. Iniciou carreira artística de forma amadora,  participando dos shows de seu colega e conterrâneo Fagner. Em 1974 decidiu definitivamente que o seu futuro seria musical e começou a aparecer em programas de televisão. No ano seguinte recebeu um convite de Vinicius de Morais e Toquinho para fazer uma temporada de shows com eles em Punta Del Leste. Amelinha tinha realmente talento, mas era muito tímida no palco. Toquinho a ajudou a perder a timidez dizendo: “- Bichinha, cante como você canta na janela de casa!” Foi para ela que Vinícius compôs “Ah! Quem me dera”. Em 1977, lançou seu primeiro LP, intitulado “Flor da Paisagem”, produzido por Fagner. No ano seguinte decidiu se mudar para o Rio de Janeiro. Ficou fascinada pelas músicas de Zé Ramalho, que na época havia lançado seu primeiro LP, com sucessos como “Vila do Sossego” e “ Avohai”. Amelinha vai à um show de Zé e, na visita ao camarim descobriu que ele também é seu fã. Troca de tietagens a parte, Amelinha recebeu o pedido de Zé para tocar em seu próximo disco, pedido este prontamente aceito. Nesse meio tempo Zé Ramalho compôs duas canções especialmente para Amelinha: “Galope razante” e principalmente “Frevo mulher”, que se tornou a faixa título do disco que começou a ser gravado no final daquele ano. Amelinha e Zé Ramalho não demoraram a iniciar um relacionamento amoroso que durou 5 anos. Tiveram dois filhos: João, hoje com 32 anos, e Maria, hoje com 30 anos.
     Frevo mulher, produzido por Carlos Alberto Sion, foi lançado no início de 1979. O sucesso do disco e principalmente da faixa título rendeu à Amelinha um Disco de Ouro, pela vendagem de mais de 100.000 cópias, mas, a verdadeira consagração viria no ano seguinte, quando a canção “Foi Deus que fez você”, composta por Luiz Ramalho e interpretada por Amelinha no festival MPB 80, da Rede Globo de Televisão, foi classificada entre as finalistas. Nesse evento, Amelinha foi acompanhada em uníssono por um Maracanãzinho lotado e a canção se classificou em segundo lugar. A música foi uma das mais executadas naquele ano e o compacto vendeu mais de 1 milhão de cópias. Daí por diante já é um capítulo a parte…
     O Blog Cultura Cabesound apresenta aquí exatamente FREVO MULHER, segundo LP da carreira de Amelinha, que foi um sucesso na época do lançamento, que chegou a ser relançado em CD a alguns anos atrás na série Autêntico, e na série Mitos e Músicas (Duplo, juntamente com MULHER NOVA, BONITA E CARINHOSA, FAZ O HOMEM GEMER SEM SENTIR DOR) da Sony Music, mas que hoje inexplicavelmente se encontra fora de catálogo comercial. O disco é até hoje considerado como um dos melhores da MPB de todos os tempos. Destaco entre todas as belíssimas faixas desse disco dois momentos sensivelmente poéticos: “Dia branco”, composição de Geraldo Azevedo e Rocha, aquí na sua melhor interpretação e “Que me venha esse homem”, rara mas bem sucedida letra de Bruna Lombardi, musicada por David Tygel, sensual sem ser apelativa.
     É esse grande momento de nossa música que deixo aquí de presente para você, que me dá a alegria de prestigiar o Blog Cultura Cabesound e é também uma forma de homenagear Amelinha, essa grande intérprete que, se hoje está esquecida pela grande mídia, está guardada a 7 chaves no coração de seus fiéis e verdadeiros fãs.
Dados do disco:
Direção Artística: Jairo Pires
Direção de Produção e Estúdio: Carlos Alberto Sion
Produção Musical: Carlos Alberto Sion
Técnico de Gravação: Carlos Signorelli
Auxiliares: Gilberto Peninha e Silvino Xavier
Mixagem: Carlos Signorelli e Eugenio Carvalho
Montagem: Alencar
Este disco foi gravado e mixado nos Estúdios Haway, RJ no final de 1978, para lançamento em 1979 e para acontecer além de 1980).
Design & Photos: Paulo Klein
Arte: Carlos E.M. de Lacerda
Direção de Arte: Géu
Músicas
Lado 1:
01- Frevo mulher (Zé Ramalho)
02- Santa Tereza (Raimundo Fagner – Abel Silva)
03- Dia branco (Geraldo Azevedo – Rocha)
04- Galope razante (Zé Ramalho)
05- Divindade (Walter Franco)
Lado 2:
01- Que me venha esse homem (David Tygel – Bruna Lombardi)
02- Coito das araras (Kátia de França)
03- Dez mil dias (Paulo Machado)
04- Noites de cetim (Herman Torres – Sérgio Natureza)
05- Pedaço de canção (Moraes Moreira – Fausto Nilo)

4 comentários:

  1. Agradeço novamente pela disponibilização de outra de uma das grandes intérpretes da MPB. Parabéns pelo trabalho de divulgar a excelente MPB.

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  2. Adoro Amelinha! Pena que não consegui baixar o arquivo. Na verdade, até consegui baixar. mas nenhum programa abre e o computador não identifica o tipo de arquivo.

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  3. pena que essa grande cantora ficou no anonimato, realmente esse disco marcou época, fumei alguns ouvindo Dia Branco e Galope Razante

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