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terça-feira, 16 de março de 2010

As melhores orquestras do mundo. Vol: 4 – Bert Kaempfert – Afrikaan Beat (CBD/Polyfar – 1975)

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Link atualizado em 28/03/15

     Quando postei o AS MELHORES ORQUESTRAS DO MUNDO VOL: 17, com o próprio Bert Kaempfert, sinceramente não imaginava que aquele disco se tornaria o campeão de acessos do Blog. Aproveito essa nova postagem para, além de agradecer à todos os amigos pela enorme quantidade de acessos, também desfazer de vez uma época de uma certa “preguiça” minha, quando injustamente nem cheguei a colocar uma biografia desse grande músico alemão. Então, vai a seguir, talvez o maior e mais elaborado texto publicado aquí no Blog relacionado à um disco postado:

bert_kaempfert

     Filho de um pintor e decorador, Berthold Heinrich Kaempfert nasceu em 16 de Outubro de 1923 em Barmbek, Hamburgo. Mostrou gosto pela música desde bem pequeno, tanto que aos 6 anos, graças à uma ação indenizatória que foi movida e ganha por sua mãe, o que valeu $500,00 (uma fortuna na época), "Fips", (apelido de Kaempfert na infância) ganha o primeiro piano. Frequentou aulas de música em Wilhelmsburg, ao sul do Rio Elba, para aprender a tocar o instrumento que sua mãe lhe dera, mas já dava os primeiros sinais do multi-instrumentista que viria a ser aprendendo também clarinete e acordeon. O talento do "menino-prodígio" fez com que aos 16 anos fosse contratado pela Busch Hans Orchestra, muito famosa e respeitada em Hamburgo. Mesmo o início da segunda guerra mundial foi incapaz de romper o vínculo entre Bert Kaempfert e sua vocação como artista. Passa a tocar acordeon em bandas navais. Na viagem à Dinamarca montou sua primeira banda, que passou a participar frequentemente de um programa de rádio chamado Pik Ass. Casou-se em 1946. No ano seguinte nasce Marion, sua primeira filha.
     Enfrentou um momento econômico turbulento com o fim da guerra, mas nem isso desanimou o jovem Kaempfert, que passou a compor suas próprias melodias, sob pseudônimo "Marc Bones" e se tornou independente, desfazendo a banda da qual fazia parte e montando a Berthold Kämpfert Orquestra. Em 1951 nasce a segunda filha: Doris. O nome Berthold Kämpfert já se tornava conhecido inclusive fora dos arredores de Hamburgo, o que chamou atenção da gravadora Polydor, que logo contratou o músico, que chegou a trabalhar com o nome artístico Bob Parker. Se tornou produtor e uma espécie de "caçador de talentos". Uma de suas descobertas aconteceu no clube St. Pauli de Hamburgo: um crooner chamado Freddy Quinn, que se tornaria um dos grandes cantores da Alemanha. Em 1959, Bert Kaempfert arranjou e produziu "Die Gitarre und das Meer", que foi interpretada por Quinn e se tornou um dos grandes hits da história da música alemã. Também nessa época, Kaempfert (com Billy Mo no trompete), grava "Mitternachts" canção do filme "Blues (Midnight Blues)", que se mantém na parada de sucessos da Alemanha durante 22 semanas e alcança também certo sucesso em outros países da Europa. Para provar que o sucesso de Kaempfert não era passageiro vem o lançamento da canção "Morgen", interpretada pelo cantor croata Ivo Robic e produzida e arranjada por Kaempfert. O grande sucesso de "Morgen" vale o primeiro de muitos discos de ouro da carreira. O início do reconhecimento internacional veio em 1960 com uma parceria musical com nada mais nada menos do que Elvis Presley, que nessa época havia sido transferido à Alemanha para prestar serviço militar. Para que o "Rei do Rock" não tivesse sua carreira artística interrompida foi produzido um filme cuja trilha sonora teve o "dedo" de Kaempfert, que adquiriu os direitos da canção alemã "Muss I denn hinaus zum Städtele", que produzida e arranjada por Kaempfert e interpretada por Elvis se tornou "Wooden Heart". Essa produção se tornou um sucesso mundial e subiu ao topo das paradas da Billboard. Logo após, Kaempfert compõe "Wunderland bei Nacht", mas o pouco interesse por essa melodia em seu país natal fez com que mesmo após produzida e arranjada para ser gravada em disco a composição fosse "arquivada". Kaempfert viajou para a América junto com sua família e se apresentou com sua orquestra em Nova York, sendo assistido por Milt Gabler, auto executivo da gravadora Decca, que logo reconheceu o talento excepcional desse músico alemão, contratando-o. Grava já sob o nome Bert Kaempfert and His Orchestra "Wonderland By Night" (a antiga "Wunderland bei Nacht", com novo arranjo) e alcança o primeiro lugar nas paradas, provando que Gabler estava certo em investir na carreira de Kaempfert nos EUA. A canção logo alcança o topo das paradas de vários outros países. O prestígio internacional estava definitivamente alcançado.
     De volta à Alemanha em 1961, Kaempfert retoma seu lado "descobridor de talentos" e em uma visita ao Top Ten Club de Hamburgo assiste a apresentação de um certo quarteto de roqueiros ingleses originários de Liverpool chamados na época de "Beat Brothers", acompanhando o cantor e guitarrista Tony Sheridan. Kaempfert então produziu várias músicas com estes jovens das ilhas britânicas, entre elas o single "My Bonnie", que mais tarde viria a ser reconhecida como a primeira gravação profissional de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Pete Best (substituido 1 ano depois por Ringo Starr), ou seja: The Beatles. Seria sua última produção para outros artistas, pois passaria definitivamente a produzir e arranjar seus próprios trabalhos com sua orquestra.
     Seu prestígio internacional nunca foi abalado, mesmo com a onda do Rock and Roll e Psicodelia. Sua música alcançava então o status de universal, composições próprias como "Afrikaan Beat" e "Spanish Eyes" venderam milhões de discos no mundo todo.
     No início dos anos 70 produz seu próprio arranjo de "Theme from 'Shaft'", que já havia sido um sucesso na versão de seu autor, Isaac Hayes. A versão de Kaempfert mereceu elogios por telefone do próprio Hayes, que disse: "- Sua versão é fantástica, melhor do que a minha!!!".
    Os mesmos fãs que tornaram a carreira fonográfica de Kaempfert um sucesso passaram a exigir apresentações também ao vivo. E em 1974 finalmente Bert Kaempfert e sua Orquestra se apresentam na Inglaterra, o que acabou por ser um momento culminante da carreira, com elogios de crítica e público, que aplaudia a cada execução musical de pé. Duas apresentações históricas ocorreram também no Royal Albert Hall. O sucesso das apresentações na Inglaterra fez com que fossem organizadas apresentações também na própria Alemanha, com sucesso absoluto. Em 1979, para reconhecer o valor artístico desse músico de seu país, a TV alemã produz o especial "Bert Kaempfert In Concert", que teve inclusive participação especial da cantora sueca Sylvia Vrethammar, que interpretou uma canção acompanhada fabulosamente pela orquestra de Kaempfert. Essa apresentação histórica na TV levou à uma nova turnê na Alemanha, incluindo também lugares como Luxemburgo e Zurique. A morte repentina de seu parceiro musical e amigo Herbert Rehbein em 28 de julho de 1979 o abalou emocionalmente, mas essa turnê ajudou Kaempfert de certa forma a amenizar a tristeza. Uma nova turnê na Inglaterra foi agendada no começo da nova década. Apresentações de sucesso em Manchester, Birmingham, Croydon e Eastbourne se sucederam e culminaram com mais 4 apresentações históricas no Royal Albert Hall, para 5.000 expectadores por dia. A última apresentação ocorreu em 16 de junho de 1980. Feliz pela calorosa recepção do público inglês, mas exausto, Kaempfert anuncia que precisava descansar. Mal sabia o público presente que essa seria a despedida definitiva.
     Dois dias depois do término dessa cansativa turnê, Bert e Hanne, sua esposa, viajaram para tirar férias em uma confortável casa que compartilhavam em Mallorca, na Espanha. Pedidos para novas apresentações ao vivo surgiram e até foi feito um planejamento para o lançamento de um novo álbum no início de outubro. Mas, em 21 de junho de 1980, as agências de notícias do mundo todo anunciam o que os fãs menos esperavam e gostariam de ouvir: Bert Kaempfert faleceu em sua casa de férias, vítima de um derrame, na cidade de Mallorca prematuramente, aos 56 anos de idade. O mundo da música lamentou profundamente a perda. Em 15 de Janeiro de 1981, as cinzas de Bert Kaempfert foram jogadas no mar de Everglades, na Flórida, cidade preferida do músico para o descanso eterno. Morreu o músico, mas seus trabalhos se tornaram imortais.
     Essa coletânea lançada em 1975 é o volume 4 da série AS MELHORES ORQUESTRAS DO MUNDO. Curtam, pois isso é música instrumental de qualidade!!!

Músicas

Lado 1:
01- Afrikaan Beat (Kaempfert)
02- Secret Love (Fain – Webster)
03- Dancing in the Dark (Schwartz – Dietz)
04- Unchained melody (North – Zaerf)
05- Blueberry Hill (Lewis – Stock – Rose)
06- Love me tender (Presley – Matson)

Lado 2:
01- Blue moon (Rodgers – Hart)
02- When i fall in love (Young – Heyman)
03- Yellow bird (Trad. Arr: Bruesewitz)
04- Symphony (Alstone – Lawrence – Tabet – Bernstein)
05- I will never stop loving you (Kaempfert – Rehbein)
06- Everybody loves somebody (Lane – Taylor)

(Clique no título do disco)

6 comentários:

  1. Kaempfert foi um dos mais brilhantes maestros e arranjadores não só da Alemanhã, como do mundo.
    Infelizmente esses grandes magos da sonoridade estão se indo um a um..
    Mantovani,Ray Conniff, Billy Vaughn, Frank Pourcel, Paul Mauriat, e muitos outros estão regendo suas "batutas" no céu.
    Um dos poucos que ainda estão a pleno vapor dessa safra sublime sem dúvida é James Last. Que Deus lhe conceda ainda um bom tempo para enriquecer nossos corações com música instrumental popular de qualidade.
    Post nota 1 milhão, Alcino!!

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  2. Interessante que este disco lançado no exterior era diferente do disco homônimo lançado no Brasil, com capa diferente e faixas diferentes!
    Se quiserem postar, eu tenho o Afrikaan Beat versão Brasil.
    S

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  3. Sergio, obrigado por prestigiar o blog e pelo comentário. Apenas fazendo uma correção: Esse "Afrikaan Beat" lançado no exterior que vc cita também foi lançado no Brasil em 1962, inclusive já o avistei em alguns sebos do RJ. O disco postado aquí foi uma das coletâneas da série AS MELHORES ORQUESTRAS DO MUNDO, por isso a diferença de repertório.

    Hugo... é uma felicidade para mim cada comentário seu, amigão. Forte abraço!!!

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  4. Bem, insistindo, o disco que tenho, comprei no Brasil em 1963, tem o mesmo nome mas é diferente. Confiram:
    http://www.megaupload.com/?d=KPCNCX8O
    S

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  5. Que prazer ver que temos gente de ´tão bom e apurado gosto!

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  6. Curti muito Bert Kaempfert e refuto que se não foi o maior músico dos anos 60 e 70, certamente estrá entre os melhores dessa geração de ouro da música internacional. A única coisa que poderemos considerar eterna é a música, portanto, vamos curtir Bert Kaempfert que continua em nossos corações

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