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Link reativado em 28/03/2015
Ronnie Von, nas várias entrevistas que deu ao longo da carreira, sempre mostrou que entre todos os discos que ele lançou, esse RONNIE VON Nº 3 tem um lugar especial na sua preferência, devido a diversidade nos arranjos e a indicação de mudanças de rumo em seu estilo musical, mostradas definitivamente no disco lançado no ano seguinte: o hoje aclamado Ronnie Von (1968), disco de Psichodelic Rock, como o próprio Ronnie define e que o fez tornar CULT entre os amantes da música feita no mundo no final dos anos 60.
Para começar a deixar de lado aquela imagem de “Pequeno Príncipe” e de ídolo da Jovem Guarda, que só cantava músicas “melosas” e que o fez de uma forma meteórica uma ameaça até para o reinado do então idolo maior da juventude brasileira (Roberto Carlos), Ronnie procurou nos futuros ícones do movimento musical que se chamaria TROPICÁLIA a mudança de rumos musicais que ele tanto queria. Em seu programa de TV intitulado O PEQUENO MUNDO DE RONNIE VON (TV Record) ele já contava com os acompanhamentos musicais do trio Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias Baptista, que o próprio Ronnie ajudou a batizar com o nome de OS MUTANTES e passou a ser mais visto na companhia de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rogerio Duprat, entre outros futuros tropicalistas, do que com seus antigos colegas de Jovem Guarda. E foi Rogerio Duprat o responsável pelos arranjos musicais e a produção deste RONNIE VON Nº3, primeiro disco de capa dura dupla da companhia (denominado álbum especial, com pomposo código AL – 01), que teve acompanhamento musical em algumas faixas dividido entre o próprio Os Mutantes e o grupo argentino Beat Boys, grupo que acompanhou Caetano Veloso na apresentação de “Alegria Alegria” no III Festival de Música Popular Brasileira e que também acompanhou Gal Costa em “Divino Maravilhoso” no festival seguinte.
O disco abre com UMA DUZIA DE ROSAS, do mesmo Carlos Imperial do mega sucesso A PRAÇA, que Ronnie apresentou junto com outra canção contida nesse disco no festival de 1967: BELINHA. Segue com a participação especial de Os Mutantes na faixa O HOMEM DA BICICLETA. O próprio Caetano Veloso dá uma “canja” em PRA CHATEAR, música gravada de uma forma tão descontraída que Ronnie deixa escapar uma risada em um trecho da gravação. O momento mais fraco do disco é sem dúvida a faixa VAMOS FALAR DE VOCÊ, o único momento extremamente “meloso” do disco. O experimentalismo psicodélico e os efeitos sonoros já estavam presentes aqui em faixas como ÚLTIMO HOMEM DA TERRA e a divertida SONECA CONTRA O BARÃO VERMELHO. MEU MUNDO AZUL é outra dessas faixas experimentais: com um belíssimo arranjo barroco, a faixa foi gravada com o microfone de Ronnie ligado a um amplificador de guitarra, fazendo um efeito “tremolo” em sua voz. Ronnie e o então diretor artístico da CBD André Midani gostaram muito do resultado final da gravação, mas os fãs entenderam o efeito como “defeito de fabricação” e provocaram uma das maiores devoluções de discos às lojas da história da música brasileira e, além disso os fãs não “digeriram” bem a tal mudança de rumos musicais, taxando várias canções contidas aqui como “esquisitas”. O investimento da gravadora no disco foi enorme e o prejuízo também.
Mas, tirando o “demérito” de ter sido talvez o maior fracasso comercial da carreira de Ronnie, esse disco tem muita qualidade musical e estava muito a frente do que se fazia na época no Brasil musicalmente falando.
Transcrevo aqui também um belo texto feito pelo próprio Ronnie, contido na parte interna da capa dupla:
“ A cantiga que eu canto é de puro amor. E o amor é presença em tudo que é de paz: na criança que brinca, na flor que nasce, no pássaro cortando o azul. Meu canto é de paz e amor, e é todo ele em tom de criança, de cores, flores, céu e mar.
É o vento o dono da minha canção mais pura. Minha voz, a mensageira da esperança aos que acreditam num mundo de todos irmãos.
Cantemos juntos como numa cantiga de roda, de mãos dadas, de olhos irmãos, em festa de ternura, todos juntos. E a canção é de todos vocês de todos os cantos, de todos os pontos, de todas as crenças, de todas as raças. “
É este disco que trago agora aqui ao blog Cultura Cabesound, de presente para você, que me dá a alegria do seu prestígio e que poderá atestar na realidade que esse disco foi um dos melhores lançamentos nacionais daquele longinquo ano de 1967.
É este disco que trago agora aqui ao blog Cultura Cabesound, de presente para você, que me dá a alegria do seu prestígio e que poderá atestar na realidade que esse disco foi um dos melhores lançamentos nacionais daquele longinquo ano de 1967.
Fotos da capa: Editora Rio Gráfica e Manchete
Músicas:
Lado 1:
01- Uma dúzia de rosas (Carlos Imperial)
02- O homem da bicicleta (Olmir Stokler “Alemão” – Newton Siqueira Campos). Com Os Mutantes
03- A chave (Malcolm Dale)
04- Minha gente (Demétrius)
05- Belinha (Toquinho – Vitor Martins)
06- Vamos falar de você (Arnaldo Saccomani)
07- Soneca contra o Barão Vermelho “Snoopy VS The Red Baron” (Gernhard – Holler – Versão: Carlos Wallace)
Lado 2:
01- Pra chatear (Caetano Veloso). Com Caetano Veloso
02- A filha do rei (Renato Teixeira)
03- Meu mundo azul “Lullaby to tim” (Clarke – Hicks – Nash – Versão: Fred Jorge)
04- O último homem da terra (Arnaldo Saccomani)
05- O manequim “La mannequin” (Paul Mauriat – A. Pascal – Versão: Fred Jorge)
06- A importância da flor “Lovers of the world united” (Greenaway – Cook – Versão: Fred Jorge)
07- Jardim de infância (Nelson e Fábio Luiz)
Todas as canções produzidas e arranjadas por Rogerio Duprat (não creditado no disco).
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