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Link reativado em 09/06/2015
Um dos maiores maestros e arranjadores do Brasil e do mundo ganha seu espaço e o
reconhecimento merecido aqui no blog Cultura Cabesound: Erlon Chaves.
Erlon Vieira Chaves nasceu em São Paulo, em 09 de Dezembro de 1933. Desde
criança mostrou interesse em seguir carreira musical e, ainda menino, se
apresentou na Rádio Difusora de São Paulo, no programa infantil Clube do Papai
Noel, cantando a música Rosa (Pixinguinha). Aos 7 anos de idade começou a
estudar no Conservatório Musical Carlos Gomes, formando-se em piano 10 anos
depois, mas continuava a se apresentar regularmente na Rádio Difusora. Aos 17
anos cursou canto com Tercina Saracceni e passou a tocar em boates e clubes de
dança, onde adquiriu experiência musical com outros músicos que tocavam nesses
locais. Em 1953, começa a estudar harmonia, instrumentação e regência com os
maestros Luis Arruda Paes, Renato de Oliveira e Rafael Pugliesi. Conseguiu
emprego na extinta TV Excelsior de São Paulo, chegando a compor uma sinfonia que
acabou se tornando o prefixo musical da emissora.
Em 1965 se transfere para o Rio de Janeiro e passa a
trabalhar na extinta TV Tupi e depois é contratado pela TV Rio, sendo promovido
a Diretor Musical. No ano seguinte foi o diretor e um dos criadores do FESTIVAL
INTERNACIONAL DA CANÇÃO (FIC), tendo inclusive composto o prefixo musical do evento, que
na época ainda era promovido e transmitido pela TV Rio.
Foi um dos maestros e arranjadores mais requisitados pelos
maiores cantores brasileiros da época, tendo inclusive acompanhado Elis Regina
nos shows que ela fez na França, em 1968.
O ano de 1970 foi o verdadeiro divisor de águas da
carreira de Erlon Chaves: Acompanhado por sua BANDA VENENO e um coral de 40
vozes, denominado SAM (Sociedade Amigos do Mocotó), se apresentou no V FIC como
uma espécie de surpresa do festival, colocando jurados e um lotado Maracanãzinho
para dançar ao som de EU TAMBÉM QUERO MOCOTÓ, de autoria de Jorge Ben. Erlon
chegou a declarar na época: “- Mocotó é tudo de bom, tudo de alegre, só o Jorge
poderia fazer uma canção alegre assim.”. Na final do festival, em 25 de Outubro
daquele ano, Erlon causou polêmica ao, digamos, colocar um “molho” a mais na
apresentação de EU TAMBÉM QUERO MOCOTÓ. No meio da apresentação, Erlon anunciou:
“- Agora vamos fazer um número quente, eu sendo beijado por lindas garotas
(louras). É como se eu fosse beijado por todas as mulheres presentes aqui.” Para
um país que vivia em plena época de Ditadura Militar e em regime conservador,
aquele espetáculo de um negro sendo beijado por várias mulheres louras foi um
escândalo, a plateia vaiou e Erlon, mesmo com o 6º lugar do festival, foi levado
alguns dias depois para um interrogatório na Censura Federal que, logo depois o
levou à prisão por influência de algumas esposas de generais da Ditadura. Quando
foi solto, Erlon foi impedido de exercer suas funções profissionais em
território nacional durante 30 dias. Infelizmente, aquele festival deu à Erlon
uma imagem de Auto-Suficiente, muitos passaram a taxá-lo de “crioulo nojento” e
“negro que só gosta de loura”, mas, na realidade, o país ainda vivia com um alto
grau de sentimento racista por parte de alguns segmentos da sociedade, exemplo
disso é que numa mesma época Toni Tornado, que foi o vencedor daquele festival
com BR3, foi “convidado a sair do país” pela clara alusão ao Black Power e
gestos que remetiam aos Panteras Negras e, em 1972, Wilson Simonal, um dos
melhores amigos e parceiros de Erlon Chaves, foi acusado de “Delator da Ditadura
Militar”, vendo sua carreira musical se arruinar a partir de então.
Erlon passou então a limitar seu trabalho à tarefa de
arranjador, mas ainda conseguiu recuperar um pouco da credibilidade com o grande
público se tornando jurado do programa Flávio Cavalcanti, seus comentários e
opiniões mostraram ao público um músico com alto grau de conhecimento e
sensibilidade. A Banda Veneno, que a princípio foi escalada apenas para aquela
apresentação no V FIC, acabou por se tornar parte importante da carreira de
Erlon. Com a banda, Erlon lançou uma série de LP’s denominada “Banda Veneno
Internacional”, alcançando relativo sucesso de vendas.
Em 14 de Novembro de 1974, Erlon Chaves nos deixou,
vitimado por um enfarte fulminante, alguns dizem que o ataque foi de repente
enquanto escolhia alguns discos de Jazz em uma loja da Zona Sul do RJ, outros
mantém a versão de que Erlon enfartou na realidade em decorrência de uma
acalorada discussão com algumas pessoas em que ele (Erlon) defendia com unhas e
dentes seu amigo Simonal, que na época se encontrava preso. O músico se foi, mas
a qualidade musical de seus arranjos ficaram para a posteridade nos seus discos
lançados, exemplo disso é esse BANDA VENENO INTERNACIONAL, primeiro de uma série
de 5 LP’s em que o maestro e a Banda Veneno dão seu toque pessoal à grandes
sucessos internacionais da época, com estilo e elegância. Esse é mais um
presente especial do blog Cultura Cabesound à você, que me dá a alegria de seu
prestígio ao blog e, assim como eu, curte música de qualidade!!!
Dados do Disco
Ficha Técnica:
Direção de Produção: Mazola
Técnicos de Gravação: Ary – Luigi
Estúdio: Phonogram, em 8 canais
Arranjos: Erlon Chaves
Corte: Joaquim Figueira
Técnicos de Mixagem em 8 canais: Mazola – Ary
Foto da Capa: José Maria de Mello
Arte: Aldo Luiz
Músicas
Lado 1:
01- I love you baby (D. Vangarde – Jil King) / Crying (J.
Bouwens)
02- The girl from Paramaribo (Berlipp)
03- If you never say goodbye (Bacharach – David) / Café Regio’s
(Isaac Hayes)
04- Pop concerto show (Senneville – Toussaint) / Summer Holiday
(T. Temple – D. Clyde)
05- Viens avec nous (Triangle) / Floy joy (W. Robinson)
06- Concerto pour un eté “Concerto para um verão” (A.
Morisod)
Lado 2:
01- Velvet mornings (R. Constantinos – S. Vlavianos) / Shabala
(F. François – A. Darmor)
02- Rock and roll Lullaby (Barry Mann – Cynthia Weil) / Song
sung blue (Neil Diamond)
03- Money runner (Quincy Jones) / Mama, Papa “Nana, Nana” (F.
Arbex – H. Van Hemert)
04- Day after day (Peter Ham) / Jesus (M. Hamburger – P.
Darjean)
05- Long ago tomorrow (Bacharach – David) / Alone again
“Naturally” (O’ Sullivan)
Erlon Chaves fazia a diferença numa festa. Pena que se foi tão cedo. Grato pela postagem.
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